Artigo – Sabor e origem: a era dos eletrodomésticos especializados

Artigo - Sabor e origem: a era dos eletrodomésticos especializados

*Por Juan Pablo García

A cozinha doméstica recuperou centralidade na vida das pessoas. Depois de anos em que o delivery e as refeições apressadas pareceram hegemônicos, hoje é possível assistir a uma ressignificação do ato de cozinhar. Esse movimento não é nostalgia, mas sim a reapropriação de tempo, técnica e pertencimento. A gastronomia tradicional e artesanal é mais do que nunca, símbolo de força e conexão.

O primeiro vetor é social. No pós‑pandemia, a convivência se tornou ainda mais valiosa e assim, os lares transformaram-se em palco de encontros longevos e momentos de afeto, inclusive no Brasil. De acordo com o relatório Appetite for Growth 2024 da Kantar, empresa global líder em dados, que revela informações sobre os hábitos de refeições na América Latina e Europa, os latinos são os que fazem mais refeições principais, com destaque para os brasileiros que passam mais tempo preparando sua comida.

Hoje também há um impulso de identidade: reconectar‑se a saberes familiares e culinárias regionais. Ao resgatar receitas e modos de preparo tradicionais, a geração atual encontra uma maneira de manter viva a herança cultural, uma forma de retornar aos sabores da infância ou da terra natal e de antepassados. Além disso, em uma era marcada pela globalização e pela oferta massiva de produtos industrializados, muitas pessoas estão sentindo a necessidade de se diferenciar.

As gerações mais jovens também catalisam o cenário pela via do experiencial. Segundo outro levantamento da Kantar, 52% dos millennials brasileiros (nascidos entre 1980 e 1996), preferem gastar em experiências do que em bens materiais. Dessa forma, o ato de pensar em um prato, comprar os alimentos, preparar e comer, ganha relevância.

Também não podem deixar de serem mencionados fatores como saúde e sustentabilidade. Com a maior preocupação mundial com estes dois aspectos, as pessoas valorizam mais os ingredientes frescos, regionais e com menos aditivos químicos, produção em pequena escala, entre outros.

De acordo com um levantamento da Neogrid, ecossistema de tecnologia e inteligência de dados, em parceria com a Opinion Box, empresa de pesquisa de mercado e customer experience, 70% dos brasileiros preferem itens orgânicos ou com menor concentração de hormônios e aditivos. Estas características se conectam diretamente com uma gastronomia mais tradicional e artesanal.

A ascensão de eletrodomésticos diferenciados

Assim, todos estes fatores comportamentais estão resultando na busca por eletrodomésticos mais especializados que garantem sabores e aromas diferenciados. Apesar do design ser levado em consideração, esta procura está associada com mais intensidade à performance gastronômica.

Pedra refratária nos fornos, queimadores de alta performance, funções automáticas, fornos com air fryer, sistema de termopar, entre outros, são exemplos de elementos inovadores que não só otimizam o preparo dos pratos, mas garantem texturas e sabores únicos. São itens que ajudam a manter viva a identidade gastronômica de diferentes culturas.

Portanto, a força da tendência da culinária artesanal e tradicional nasce da convergência de fatores como conexão social, identidade, prazer pela experiência e valorização da saúde e sustentabilidade, o que tem feito com que eletrodomésticos precisos, estáveis e eficientes se consolidem como guardiões da autenticidade culinária.

Essa tendência não é passageira, envolvendo uma mudança estrutural de comportamento das pessoas. O futuro seguirá com uma sociedade atenta ao valor simbólico e sensorial dos alimentos, demandando por equipamentos capazes de unir tradição e inovação.

*Juan Pablo García é Head Comercial da Morelli, multinacional argentina de eletrodomésticos premium.