Minha primeira degustação da fada verde: a magia do absinto

Minha Primeira Degustação da Fada Verde: A Magia do Absinto

Por Luciana Torreão

Na busca por experiências gastronômicas, poucos momentos se comparam ao de se deparar com uma bebida envolta em tanta mística e história quanto o absinto. Minha primeira degustação foi no restaurante Domingos, em Porto de Galinhas. Tudo começou quando fomos explorar a adega, a convite do sommelier Jefferson, para escolher um rótulo para o jantar. Foi quando nos deparamos com uma garrafa de absinto imponente, custando mais de 300 reais e ostentando um teor alcoólico impressionante de 80%. No entanto, foi o Absinto Neto Costa, disponível como aperitivo na carta de bebidas, que degustamos.

Nunca tínhamos provado a bebida lendária, que imediatamente evocou memórias do filme “Drácula de Bram Stoker”, onde o absinto é oferecido à personagem Mina. Decidimos experimentar um cálice dessa versão com menor teor alcoólico (53,5%), mas igualmente fascinante. Foi uma escolha extraordinária, proporcionando uma experiência sensorial diferenciada.

Ao aproximarmos o cálice dos nossos narizes, fomos envolvidos por um aroma singular, uma mistura de notas de anis e ervas aromáticas que despertaram nossos sentidos. O primeiro gole foi uma revelação: o sabor era simplesmente fantástico. Para mim, acostumada a bebidas de alto teor alcoólico como cachaça, o impacto não foi tão grande, mas para Daniel e meu marido Márcio, a sensação foi diferente. Enquanto eu apreciava as nuances de sabor, eles sentiram a bebida descer como lava de vulcão pela garganta, uma experiência que certamente não esqueceremos tão cedo. Foi bem divertido.

A dose de absinto custou R$40 e valeu cada centavo… digo, gole. Embora o absinto não tenha mais o status mítico de outrora, valeu a pena. Se tiver a oportunidade de apreciar a bebida, faça com moderação, e permita-se ser transportado para uma era onde a arte e a boemia eram celebradas em cada cálice.

História – Durante a Belle Époque, as tardes parisienses eram conhecidas como a “Hora Verde”, um momento dedicado ao consumo do absinto. A bebida não apenas estreitava e destruía amizades, mas também fomentava visões e ideias que impulsionaram movimentos artísticos como simbolismo, surrealismo e modernismo.

O absinto, com seu sabor licoroso proveniente do boldo e do anis, também continha tujona, um composto com supostos efeitos alucinógenos que, provavelmente, foram mais mitificados pela cultura do que comprovados cientificamente.

Por trás de cada gole, há uma aura enigmática, que fascinou artistas como Édouard Manet, Pablo Picasso, Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire, todos fervorosos admiradores do absinto.

O Absinto Neto Costa
As Caves Neto Costa, fundadas em 1931 por Horácio Neto Costa na Região da Bairrada, mantêm viva a tradição do absinto com uma receita exclusiva. Utilizando a erva Artemisia absinthium e uma seleção meticulosa de ervas aromáticas e especiarias, a bebida é produzida através de métodos tradicionais de infusão, maceração e destilação. O resultado é um absinto límpido, de cor verde clara e aroma de anis, que na boca revela uma explosão de sabores complexos e alcoólicos.

Serviço:
Domingos Restaurante
Rua Bejupira, S/N Lj 4, Porto de Galinhas, Ipojuca, Pernambuco
Fone: +55 81 99595-4521